Existem algumas doenças oftalmológicas que são silenciosas, vêm chegando devagarinho, se instalando e quando os primeiros sinais se apresentam parte da visão já foi prejudicada.

 

Segundo Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o transplante de córneas foi o mais realizado no ano de 2022 no Brasil, quando comparado com outros órgãos e tecidos.

 

Você sabia que o transplante mais realizado no Brasil é o de córnea? Setembro Verde é o mês que reforça a conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. Na nossa área de atuação, quando se pensa em transplante, logo lembramos do primeiro Banco de Olhos de Curitiba criado pela Dra. Saly Moreira, fundadora do Hospital de Olhos do Paraná, em 1978. Hoje, o Hospital de Olhos não é mais um banco de olhos e sim um Centro Transplantador. “O compromisso com a causa da doação de órgãos e o incentivo à doação de córneas aqui no Hospital de Olhos do Paraná faz parte da nossa história! Continuamos seguindo os passos da Dra. Saly e realizando transplantes em abundância”, conta Dra. Luciane Moreira, diretora-geral do HOPR.

 

O que é a córnea?

A córnea é uma membrana transparente que reveste o olho e que tem um papel fundamental na formação da visão, sendo a primeira interface que a luz atravessa no globo ocular. As lesões e doenças que atingem essa estrutura são a terceira maior causa global de deficiência visual. Algumas doenças que necessitam de transplante de córnea são: ceratocone, distrofias corneanas, ceratopatia bolhosa, infecções corneanas graves, leucomas, perfurações oculares, entre outros.

 

Como funciona o transplante de córnea?

O transplante de córnea é um procedimento cirúrgico que tem como objetivo substituir a membrana alterada por uma saudável proveniente de um doador, promovendo melhor capacidade visual do paciente transplantado. O procedimento dura em torno de 1 hora, é seguro, indolor e não necessita de internação hospitalar. “Com o avanço tecnológico e técnicas mais modernas de transplantes que nós realizamos aqui no HOPR, substituímos apenas as camadas doentes, proporcionando desta forma, índices de rejeição quase nulos e ausência de pontos em determinadas indicações”, comenta Dra. Luciane Moreira.

O sucesso e a boa recuperação da cirurgia dependerão de alguns fatores, como: a saúde do paciente, a qualidade da córnea doadora e o cuidado no pós-operatório.

 

Fila

Para entrar na fila de espera por um transplante de córnea, o paciente precisa passar por uma consulta com um oftalmologista no ambulatório do HOPR, o qual havendo indicação, será encaminhado para entrar na fila de transplante de córnea. A logística é feita pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), mediante o Ministério da Saúde. O paciente aguarda em uma fila que é única por estado. De acordo com a Assistente Social do Hospital de Olhos do Paraná, Sônia Maria, O SNT faz um ranking de pacientes que necessitam de transplante que mostra quem é o paciente da vez. “Não existe nenhuma possibilidade de o paciente dar a sua vez ou ser burlada a fila de transplante, ela é única e independe se é convênio, SUS ou particular, segue-se uma ordem de entrada na fila”, afirma Sônia.

As córneas e tecidos oculares que o Hospital de Olhos do Paraná recebe para serem transplantados no Centro Transplantador HOPR, provém de hospitais de Curitiba e de outras cidades como, Londrina, Maringá e Cascavel, e são armazenadas no banco de olhos, hoje alocado na PUC.

 

Transplantes de Córnea em números:

Um levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), apontou que:

  • Entre 2012 e 2022 foram realizados 86 mil transplantes de córnea no Brasil.
  • A fila de espera da cirurgia duplicou entre 2019 e 2022. Foi de 12.212 para 23.319. Em 2020, 16.337 aguardavam pelo transplante. Em 2021, esse número era de 20.134.
  • No Hospital de Olhos do Paraná a fila de espera é de 1 ano. Atualmente, 298 pessoas aguardam na fila para realizar o transplante. Esse cenário já foi diferente. Antes da pandemia, a média era de 60 transplantes mensais, após a pandemia esse número caiu cerca de 50%.