Em 1.837, o jovem estudante francês Louis Braille (1.809 – 1.852) criou um sistema de leitura especial para pessoas cegas, formado por 63 caracteres gravados em relevo, composto por letras, números e símbolos, pontuações e outros sinais, que permitem seu entendimento por meio do tato. Este sistema ficou mundialmente conhecido por abrir as portas da leitura para indivíduos cegos ou com baixa visão. O nome do método foi uma homenagem ao seu criador, que morreu aos 43 anos de idade, pouco tempo depois de ver o seu sistema ser adotado mundo afora.

Um trauma pessoal sofrido por Louis Braille ainda na infância motivou a criação do método. Quando tinha apenas três anos de idade, sofreu um grave acidente enquanto brincava com as ferramentas de seu pai. Uma sovela (espécie de agulha com cabo) atingiu seu olho esquerdo, deixando-o severamente ferido. Apesar de todos os esforços de seus pais em tratá-lo, uma infecção se desenvolveu no olho ferido, se espalhando também para o olho direito, e Braille acabou perdendo a visão dos dois olhos.

O jovem então foi matriculado no Instituto Nacional para Jovens Cegos, em Paris. Nesse colégio havia um método especial de alfabetização para os alunos cegos, que consistia em imprimir letras em alto-relevo para que os cegos pudessem distingui-las por meio do tato. Entretanto, esse sistema era complexo e os estudantes cegos tinham dificuldades para se adaptar a ele. O jovem Braille se encantou com o que viu e começou a estudar o método com afinco.

Após muitos estudos, em 1.824 Braille apresentou um método alternativo de leitura para cegos, aperfeiçoando o sistema que havia aprendido na escola e deixando-o mais fácil de ser assimilado.  Nascia então o Sistema Braille. Seu  reconhecimento mundial, no entanto, só se deu em 1.855, quando o método foi apresentado na Exposição Internacional da França.

No Brasil, o Sistema Braille chegou em 1.584 por meio intermédio de José Álvares de Azevedo, que aprendeu a técnica ainda criança e se dedicou a disseminá-la, com apoio do Imperial Instituto de Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant (IBC), no Rio de Janeiro.

A leitura do Sistema Braille é tátil, feita da esquerda para a direita e passando letra por letra. O sistema possui uma estrutura em relevo, formada por seis pontos verticais divididos em duas colunas de três pontos em cada, possibilitando as combinações que formam letras, números e símbolos.

A evolução do Sistema Braille

Mesmo mantendo suas características e objetivo principal, o Sistema Braille vem evoluindo significativamente ao longo dos anos. Novas e modernas tecnologias vêm sendo aplicadas ao método criado por Louis Braille, visando facilitar a vida de cegos e pessoas com baixa visão. No Brasil, foi criada em 1999 a Comissão Brasileira do Braille, órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). A comissão é responsável pela elaboração e difusão de documentos importantes como a Grafia Braille para a Língua Portuguesa, as Normas Técnicas para a Produção de Textos em Braille e a Grafia Química Braille para Uso no Brasil.

As novas tecnologias ampliaram os horizontes das pessoas cegas ou com baixa visão, aumentando e facilitando a impressão de textos em Braille, permitindo a produção do chamado “Braille sem papel” (aquele que pode ser lido em displays), possibilitando o acesso à internet e aperfeiçoando a cada dia o uso dos leitores de tela. No Paraná, a Biblioteca Pública do estado conta com a Seção Braille, na qual os usuários podem encontrar, além de livros no sistema, óculos OrCam MyEye (que permite à pessoa com deficiência visual escutar o conteúdo de um livro em tempo real, através do escaneamento das páginas), livro falado, livros digitalizados, entre outras tecnologias que deixariam o criador do Sistema Braille orgulhoso.