Viralizou recentemente na mídia a notícia de uma brasileira que mora na Suíça e fez uma cirurgia para mudar a cor dos olhos, chamada de “Ceratopigmentação”. Detalhe: ela não tinha nenhum problema na visão, sendo o procedimento puramente estético. Esse tipo de cirurgia é proibida no Brasil por trazer sérios riscos à saúde dos olhos, inclusive podendo levar à cegueira.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), classifica a Ceratopigmentação como “de alto risco, com resultados irreversíveis e que deve ser realizado apenas sob estrita recomendação médica”. O oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Dr. Peter Ferenczy, diz se tratar de uma espécie de “tatuagem da córnea”, sendo indicado somente para pacientes com cegueira permanente, com o objetivo de tentar recuperar a aparência de um olho normal.
A Ceratopigmentação é realizada com laser, onde cria-se um túnel em que são aplicados micropigmentos de diferentes cores nas camadas mais internas da córnea, permitindo assim que o órgão tenha uma coloração diferente. Os principais riscos são de perfuração do olho, lesões na córnea, aumento da pressão intraocular e infecções, podendo inclusive levar à necessidade de transplante e até cegueira por úlceras que podem surgir na córnea. Além disso, a cirurgia pode dificultar a realização de futuros exames e procedimentos oculares, como o mapeamento de retina e a cirurgia de catarata, por exemplo.
“Quem opta por fazer este procedimento precisa estar ciente dos riscos, que são grandes e podem trazer danos irreversíveis à visão. Quem tem o desejo de mudar a cor dos olhos por uma questão estética, uma boa alternativa é a utilização de lentes de contato coloridas. Entretanto, as mesmas devem ser utilizadas sempre com acompanhamento de um oftalmologista e com os cuidados de higiene adequados. Dessa forma, a pessoa pode ter o resultado estético que espera”, afirma Dr. Peter.
Em nota, a presidente do CBO, Wilma Lélis, desaconselhou o procedimento e afirmou que pacientes que “já utilizaram a técnica, informaram dificuldade de enxergar, dor no olho, ardência, sensação de areia, aversão a luz e lacrimejamento persistente. Todas essas situações podem levar à redução da visão do paciente, seja na periferia ou no centro da visão, evoluindo em alguns casos para a cegueira permanente”, alerta a especialista.