A pandemia do novo Coronavírus e o isolamento social trouxeram um novo problema de saúde pública: a miopia precoce (dificuldade em enxergar para longe). Estudo realizado na China com mais de 120 mil crianças mostrou que os casos de miopia entre crianças de 6 anos aumentaram 400% nos cinco primeiros meses de lockdown de 2020, em comparação aos anos anteriores. A pesquisa foi publicada este mês na JAMA Ophthalmology, revista científica com maior fator de impacto dentro do campo da oftalmologia.
O estudo é coordenado pelo professor do Departamento de Oftalmologia da Universidade dos Estados Unidos, Jiaxing Wang, e vem sendo realizado desde 2015 com crianças entre 6 e 13 anos de idade. Os dados revelam ainda que entre os participantes com 7 anos o aumento foi de 200% nos casos de miopia, e aos 8 anos a alta foi de 40%.
De acordo com o oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Carlos Augusto Moreira Neto, os números são assustadores e revelam que uma nova geração de míopes está surgindo. “Existe uma preocupação extrema com essa próxima geração. Hoje em dia o acesso aos equipamentos eletrônicos como celulares, tablets e computadores está muito difundido, inclusive entre as crianças. Agora com a pandemia e o isolamento social, isso ficou ainda mais acentuado, pois muitas delas ficaram trancadas em casa usando de forma prolongada esses aparelhos muito próximos ao rosto, à visão, ao invés de realizarem atividades ao ar livre, por exemplo. Além de forçar a visão, falta também um estímulo para uma boa visão à distância. Isso vem ocasionando esse crescimento vertical nos casos de miopia entre crianças”, explica o médico.
Limitação de tempo no celular e tablet
O período de isolamento que estamos vivendo impôs aos pais um grande desafio: estimular as atividades em ambientes externos para as crianças. “Esse é o desafio que temos devido às limitações do momento. Praticar atividades ao ar livre é fundamental para que a visão da criança se desenvolva da forma adequada. Também é importante limitar o uso de equipamentos eletrônicos que estimulem a visão para perto, como celulares, tablets, limitando isso a duas horas por dia, no máximo”, aconselha o oftalmologista.