Crianças com Síndrome de Down tem de 50% a 80% de chances de desenvolverem problemas de visão, aponta estudo  

Quando tinha apenas 1 ano e 8 meses de idade, o pequeno Asaph Raupp Barcaro foi diagnosticado com catarata congênita. Portador de Síndrome de Down (SD), o menino fez a cirurgia para corrigir o problema quando completou 2 anos. Hoje, aos 3, Asaph usa óculos e teve uma melhora significativa em sua qualidade de vida, de acordo com sua mãe, a farmacêutica Inara Raupp. “Hoje ele é uma criança mais segura nos movimentos que faz, se adaptou bem aos óculos e consegue responder melhor aos estímulos”, relata Inara. O problema de visão de Asaph é muito comum entre crianças com SD. De acordo com o estudo “Erro de refração, visão binocular e acomodação de crianças com Síndrome de Down”, publicado na revista científica Clinical Experimental Optometry, crianças com SD tem de 50% a 80% de chances de desenvolverem problemas de visão.

 

De acordo com a oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Luisa Hopker, crianças com a síndrome apresentam a trissomia do cromossomo 21 e, por isso, têm diferentes graus de desenvolvimento neuropsicomotor. Em relação à parte oftalmológica, elas apresentam erros refrativos significativos: “O estudo mostra ainda que, entre as crianças com down em idade pré-escolar, 50% tem erros refrativos significativos (com necessidade de óculos) comparado com crianças sem down, na qual a porcentagem é de 6%. Além disso, elas podem apresentar blefarite, uma inflamação das pálpebras, catarata congênita, estrabismo, entre outras alterações. Todas estas alterações têm a ver com a própria alteração genética e apresentam chances variáveis de aparecimento”, explica Dra. Luisa, que também é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica.

 

Além dos problemas mencionados acima, crianças com Síndrome de Down tem prevalência maior de desenvolverem principalmente hipermetropia e astigmatismo, e, em menor porcentagem, miopia. A oftalmologista afirma que os pais precisam ficar atentos, pois a maioria das crianças não vão apresentar nenhum sintoma dessas doenças, sendo necessária então a consulta com um especialista. “É muito importante fazer um exame oftalmológico de rotina, iniciando já no primeiro ano de vida, entre 6 a 12 meses, e depois, anualmente. Se constatado o problema visual, o uso dos óculos resolve a grande maioria dos problemas, principalmente quando ocorre o diagnóstico precoce, nos primeiros anos de vida, enquanto o desenvolvimento visual está ocorrendo”, afirma a médica.